segunda-feira, julho 22, 2002

Por que você começou a fazer um blog?

Não houve um motivo específico. Em 2000 eu tomei conhecimento do que era blog. E o site que eu vi me pareceu muito difícil de ser feito por alguém que não entende nada de programação, como eu. Achei legal, mas não tinha (nem tenho) saco de tentar programar, htm, essas coisas, então desencanei.
Em junho do ano passado, um amigo meu, o Michel, mandou um email e no pé havia o endereço .blogspot. Vi, achei legal e perguntei como fazia. Ótimo, era uma ferramenta que uma pessoa como eu podia usar na boa. Até aí não havia nenhuma vontade de "fazer um blog", mas pelo menos sabia como podia ser feito.
Eu gosto de escrever, então um dia, uma madrugada de domingo, depois de chegar de algum lugar já meio bêbado e narcotizado, entrei no computador, me lembrei do blogger, entrei lá, me cadastrei, enscolhi template (adoro "seguir passos" na internet quando estou bêbado, hehe. Me dá a sensação de que estou andando em linha reta), inventei o nome ali mesmo, usei o meu nome como assinatura e criei o blog às 5h22, hora do primeiro post.

E de onde vem esse Neo Zeitgeist?

Esse nome existe há uns dois anos. É o nome com que assinava uma lista de discussão, que não assino mais. Neo é Matrix, óbvio. E Zeitgeist é um termo que gosto muito, além de ser muito sonoro. Tem a ver comigo, que sou fascinado/encanado com o tempo, com o passar dos anos, com o futuro e passado, tudo isso.
Como eu disse, eu assinava o blog com o meu nome de verdade, que é bem menos legal do que Neo Zeitgeist. Além disso, eu usava o meu nome de verdade para assinar uns textos num jornal. Achei que não seria legal misturar as coisas, até porque o que saía no jornal tinha uma grossa camada de verniz profissional, não era eu. Era o que eu era pago para fazer. No blog eu escrevia o que eu queria, e muitas vezes isso era oposto ao que saía publicado no jornal. Enfim, melhor não. No segundo dia do blog, mudei para Neo Zeitgeist.

É verdade que você não falou para ninguém que havia feito um blog?

Sim. No começo só eu sabia, depois de uma semana, a minha namorada soube. Uma semana depois contei para uma amiga muito próxima. Pedi para ambas não contarem nada a ninguém sobre isso. Então está claro que eu não escrevia para ninguém nem para ser lido. Escrevo e sempre escrevi para mim mesmo sobretudo. Depois o Michel me perguntou se eu tinha um blog. Fiquei um pouco nervoso porque achava que alguém havia contado para ele, e eu não estava disposto a falar isso nem pra ele nem para ninguém. Perguntei o motivo da pergunta dele. Ele me deu a resposta que fez eu revelar o endereço do blog: "Ah, hoje em dia todo mundo tem blog". Ele então leu, gostou de alguam coisa e comentou no blog dele. A partir daí, e no mês seguinte, eu recebia emails quase que diariamente elogiando o site, o que me deixou tão chocado quanto contente...

Deixa de falsa modéstia!

Mas era chocante! Era perturbador, muitas vezes. Profissionalemnte eu sempre escrevia textos, muitas pessoas liam esses textos, mas eu raramente tinha um retorno de aceitação ou escárnio em relação a esses textos. O único feedback que eu tinha era o meu desconfiômetro e uma ou duas pessoas próximas para quem eu tinha coragem de perguntar "E aí, o que você achou?" _e as respostas não me convenciam. Sempre achava que podia fazer melhor (ainda acho, claro), nunca me satisfazia com nada (hoje também). E de uma hora para outra, justamente quando eu estava à larga, folgazação no tratamento da forma e do conteúdo dos textos, pessoas que eu não conhecia e que teoricamente não sabiam quem eu era (o pseudônimo era uma tentativa de escudo para evitar coisas como "O fulano de tal jornal falou isso no blog dele"_ o que importava e sempre importou eram as idéias, não a assinatura) me elogiavam de uma forma absolutamente inédita. Nos primeiros dias fiquei inebriado, achando tudo muito esquisito, mas muito feliz, porque sou vaidoso. Depois eu não entendia os motivos de alguém sei lá onde mandar um email elogiando, me chamando de engraçado, genial, hilário, infame ou qualquer coisa assim. Eu jamais fiz isso com ninguém! Não faz parte do meu comportamento esse tipo de coisa. Comecei a entender que existem pessoas assim de fato, que algumas até têm prazer em fazer isso. Bom, foi interessante ver isso.

Por que você "matou" o seu blog?

Por que eu estava extremamente triste e infeliz com tudo. O mundo acabou havia muito tempo, mas só percebi quando entregaram a cabeça decepada e o coração podre do corpo no dia 11 de setembro de 2001. Aquilo realmente mudou muita coisa em mim. Muita, muita. Posso falar que não sou o mesmo depois do que eu vi pela TV. O que sobrara do mundo havia desmoronado diante dos meus olhos e eu tive o azar de continuar vivo. A humanidade sobreviveu ao fim do mundo e está podre, jogada nua cheia de moscas por cima. Tudo ficou preto, enfumaçado, sem graça, trsite, melancólico, desesperador. E o que eu fazia no blog era o oposto a isso tudo. Eu sacaneava todo mundo, tirava sarro de várias coisas, humilhava quem não gostava e tudo mais (continuo fazendo tudo isso hoje, hehe). E tudo isso perdeu o sentido muito rápido. Me sentia ridículo, um pateta desorientado. Não tinha mais vontade de escrever. Tudo havia perdido a graça.

Ok, muito legal, mas você voltou depois de uma semana...

É, voltei. O mais engraçado é que eu ouvia coisas do tipo "ah, não aguentou, né?", como se eu estivesse em alguma competição de resistência, que imbecis. Voltei porque estava a fim de escrever novamente. Talvez sob outra perspectiva, o que de fato aconteceu por um período, mas depois o tempo foi passando e, de certo modo, tudo foi se restabelecendo como era antes.

E agora, depois de um ano, o que mudou?

Ah, vá pá porra! Que pergunta é essa?

Hm.. Já vi muitas citações e links ao seu blog por aí. O que você acha disso?

Eu acho legal. Mas eu realmente não entendo os motivos. Talvez hoje eu lide melhor com isso. Tudo bem, ok, na boa. Antes eu contestava quem me elogiava, o que é um pouco louco. E tinha vergonha também. É embaraçoso ver alguém falar bem de você para virtualmente todo o mundo. Às vezes gostaria de dizer "menos, menos, pleamordedeus!"
Aliás, isso também foi um dos motivos de eu ter matado o blog. Coloquei um medidor de visitas no site e vi que a audiência era grande, ou pelo menos maior do que a maioria dos blogs que eu via por aí. E isso me incomodava muito. Mais do que deveria. Afinal, eu escrevia para mim mesmo, que se fodesse o leitor (eu já tinha que tratar bem o leitor no meu trabalho). Aquilo parecia uma invasão de pessoas desconhecidas que liam coisas que eu gostava de escrever. E ainda me escreviam para dizer que gostavam! Era um absurdo completo. A sensação que tinha na época era a mesma de a de um bando de penetras entrarem na minha sala sem que eu estivesse vestido adequadamente. Era hora de dizer "xô, cambada de filadaputa, vão embora porque eu não chamei vocês aqui." É um pouco esquizofrênico isso e teoricamente o oposto de todas as pessoas que escrevem: o obscurantismo voluntário, apesar da vaidade. É um assunto para análise, hehe.

Por que você continua escrevendo?

Primeiro porque eu gosto. Segundo porque, por opção, não faço isso no meu trabalho, que não é mais num jornal. E no site eu sou o senhor de tudo: escrevo o que quero, quando quero e no tamanho que eu determinar.

Mas você fala pouco de você... Não é um diário

Mas a idéia não é essa. A ferramenta de publicação pode ser usada de todos os jeitos, e nunca escrevi diário (não seria agora que começaria a fazer isso) nem acho a minha vida interessante o suficiente para ser comentada por mim mesmo. Não tenho essa viagem rumo ao umbigo. Mas até que eu falo bastante de mim, mas não só. Não tem um tema específico...

E o "Eletropop com humor. Às vezes"?

Inventei quando estava bêbado, no dia que criei a bagaça. Mas acho que ficou bom, porque não diz muita coisa, não se compromete, hehe. E chega dessa entrevista que eu tenho mais o que fazer. Tchau.

Não, calma. Porque você criou este segundo blog?

Ah, não enche, cara. Fiz porque quis, ué. E tambpem porque a url é mais legal do que a do original. Fiz quando eu matei o outro e queria me esconder do mundo. Aliás, isso não é da sua conta. Se liga. Vai embora, chega, já deu. Vai nessa.

quinta-feira, dezembro 13, 2001


Um das melhores capas de disco de todos os tempos:


terça-feira, dezembro 11, 2001

Washington Olivetto foi sequestrado!

Ei, você não é bem-vindo aqui. Sai fora, que vc não foi convidado, rapá! Vai se foder, vai procurar outro blog ishperto, aqui num tem pra tu não, mermão!
O mais legal dessa Casa dos Artistas (até agora eu só conheci a casa....) é que a Nana Gouveia, a puta mais escancarada que apareceu na TV, se chama SEBASTIANA, rararararararara.

O que vc faria com uma SEBASTIANA??????

E a Estácio de Sá que aprovou um analfabeto no vestibular? O cara só marcou a e b nas questões e não fez a prova de redação.O Severinoi da Silva passou em nono lugar para direito (ok, havia nove candidatos apenas para esse curso).

Diz se não é um puta azar ter nascido aqui? Tanto lugar legal, decente, rico e frio, caí nesse fim de mundo. Bem-feito!
Music makes you lose control
Les Rythmes Digitales

Taí uma verdade, né não?

terça-feira, setembro 25, 2001

TRILHA

If I can make it there, I'll gonna make it anywhere.

O seu Osama deve ter se inspirado em "New York, New York" pra atacar o WTC.
RAZÃO&SENSIBILIDADE

Um dos artigos mais sensatos que li ultimamente. Principalmente porque concerne à ironia e ao pop, temas caros a este escriba.

Talvez estejam nessas linhas da Time o motivo subliminar pelo qual destruí o outro blog.

segunda-feira, setembro 24, 2001

TECHNO

Se ouvia The Modernists quando abri o outro site, agora ouço Jeff Mills com seu excelente Lifelike. Saio de techno alemão e vou para o ex-membro do Underground Resistance, mais próximo das raízes de Detroit.

O fato é que o início dos sites continuam techno.
CASA NOVA

Muito melhor do que ser lido é escrever em paz. É isso o que eu procuro aqui, sem muitos visitantes e quase às escondidas.

Vamos ver o que sai.